FABIO MATOS
METRÓPOLES
O dólar operava em alta nesta quinta-feira (10), mesmo em um dia marcado por alívio nos mercados globais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender por 90 dias a aplicação de tarifas comerciais contra mais de 180 países. O recuo foi anunciado na quarta-feira (09).
Dólar
- Às 13h54, o dólar subia 1,55%, a R$ 5,936.
- Mais cedo, às 12h52, a moeda norte-americana subia 1,77% e era negociada a R$ 5,949.
- Na cotação máxima do dia até o momento, o dólar bateu R$ 5,956. A mínima é de R$ 5,826.
- Na véspera, o dólar desabou 2,54% e encerrou a sessão cotado a R$ 5,845, já na esteira do anúncio da Casa Branca sobre o alívio nas tarifas.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,44% em abril e perdas de 5,41% em 2025 frente ao real.
Ibovespa
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), abriu o pregão operando em baixa.
- Às 13h59, o indicador caía 1,89%, aos 125,3 mil pontos.
- Mais cedo, às 12h57, o Ibovespa recuava 1,22%, aos 126,2 mil pontos.
- No dia anterior, impulsionado pela euforia após o recuo de Trump sobre as tarifas, o Ibovespa fechou em forte alta de 3,12%, aos 127,7 mil pontos.
- Com o resultado, o indicador acumula queda de 4,86% no mês e alta de 3,03% no ano.
Tarifas de 145% sobre a China
A Casa Branca esclareceu nesta quinta-feira que a tarifa definida pelos EUA contra produtos chineses chega a 145%, um valor superior ao anunciado pelo presidente americano Donald Trump nessa quarta-feira (9 de abril de 2025).
Segundo o gabinete de Trump, este valor inclui os 125% impostos como retaliação ao país asiático e outros 20% que já estavam em vigor desde janeiro como medida punitiva para supostamente conter o tráfico de fentanil.
As novas barreiras tarifárias aprofundam ainda mais a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Recuo de Trump Gera Alívio Global
A decisão de Trump de suspender por 90 dias a aplicação do "tarifaço" anunciado na semana passada foi recebida com alívio e euforia no mercado financeiro, tanto no Brasil quanto no exterior.
O governo dos EUA colocou um ponto final no pânico generalizado que havia se espalhado entre os investidores e anunciou o aumento apenas da tarifa sobre os produtos da China, para 125%. Trump reduziu para 10%, por 90 dias, as taxas aplicadas a outros países de forma recíproca. No caso do Brasil, que já tinha sido taxado no percentual mínimo de 10%, nada muda.
Após o alívio no "tarifaço" de Trump, os principais índices das bolsas de valores da Europa abriram o pregão desta quinta-feira operando em alta. As bolsas da Ásia fecharam com ganhos.
Na noite de quinta-feira (9 de abril de 2025), o próprio Trump baixou o tom da guerra comercial declarada contra a China e deu indicações de que os dois países podem chegar a um acordo em breve. Nesta semana, a China impôs taxas de 84% sobre produtos norte-americanos.
Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca, Trump fez elogios ao presidente da China, Xi Jinping, a quem chamou de "amigo".
"Eu gosto dele, eu o respeito, é um cara inteligente que ama seu país, isso é um fato, eu o conheço muito bem", afirmou o líder norte-americano. "Eu acho que ele vai querer chegar a um acordo, acho que isso acontecerá", completou Trump.
União Europeia Também Suspende Tarifas
A União Europeia (UE) anunciou nesta quinta-feira que irá suspender por 90 dias a aplicação de tarifas comerciais retaliatórias de 25% aos EUA, após o recuo de Trump em relação ao "tarifaço".
De acordo com a Comissão Europeia, os líderes do continente veem espaço para um avanço das negociações com a Casa Branca para a diminuição ou mesmo a suspensão definitiva das tarifas aplicadas sobre os produtos importados dos países do bloco.
A represália dos europeus era uma resposta à decisão de Trump de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio dos países da UE. Além disso, o bloco foi alvo de taxas adicionais de 20% sobre praticamente todos os demais produtos.
O pacote de medidas aprovado pelos europeus, agora interrompido, teria um impacto de 20 bilhões de euros (cerca de R$ 129,5 bilhões, pela cotação atual) e atingiria produtos como soja, suco de laranja, carne, motos e itens de beleza.
Inflação e Seguro-Desemprego nos EUA
Para além das preocupações do mercado com os desdobramentos da guerra comercial, os investidores acompanham nesta quinta-feira a divulgação de índices econômicos nos EUA.
A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas (BLS) dos EUA divulgou o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação do país, referente ao mês de março. O indicador ficou negativo em 0,1%, indicando deflação no mês passado, em relação a fevereiro. Na taxa anual, o índice foi de 2,4%.
Em fevereiro, a inflação ao consumidor nos EUA ficou em 0,2% (na base mensal) e 2,8% (na comparação anual).
As estimativas do mercado eram de que a inflação nos EUA em março fosse de 0,1% (em relação a fevereiro) e 3% (na comparação com março do ano passado).
Já o Departamento de Trabalho dos EUA anunciou os novos números de pedidos de seguro-desemprego, solicitados na semana até 5 de abril. Na semana anterior, foram 219 mil pedidos. A projeção é que tenham sido feitos 223 mil pedidos.
Análise
Para Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, o momento ainda é de cautela nos mercados, mesmo com o alívio após o recuo dos EUA. “Aguardemos os próximos passos. Acredito que o mercado norte-americano ainda está na dúvida. Ontem saiu a notícia da pausa das taxações, reagiram bem, corrigiram parte da queda, estavam com cinco dias consecutivos de tombo”, observa.
“Vamos ver o que vai acontecer e acompanhar o pregão. Mas acredito que vamos ainda ter muita volatilidade nesses próximos dias e o investidor precisa ter calma e fôlego para lidar com essas altas e baixas.”